No coração do Supremo Tribunal Federal (STF), uma tempestade jurídica está prestes a eclodir. O ministro Cristiano Zanin, atual presidente da Primeira Turma do tribunal, encontra-se diante de um desafio colossal: julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro na ação penal que investiga a suposta trama golpista. Mas há algo que torna essa missão ainda mais espinhosa para Zanin — ele próprio já foi um crítico ferrenho das práticas que agora parecem estar sendo adotadas contra Bolsonaro. A Folha de São Paulo trouxe à tona uma matéria incendiária que expõe as contradições do ministro, colocando-o em uma sinuca de bico praticamente impossível de escapar.
A Pressa no Julgamento de Bolsonaro
Uma das principais críticas que Zanin fez durante sua atuação como advogado de Lula na Operação Lava Jato foi justamente a pressa com que os processos eram conduzidos. Ele argumentava que a velocidade na tramitação dos casos comprometia o direito ao contraditório e à ampla defesa. Agora, porém, o cenário é diferente. No caso Bolsonaro, há uma clara intenção de concluir o julgamento ainda este ano, antes das eleições presidenciais de 2026. Essa pressa, admitida abertamente por ministros do STF, contrasta frontalmente com a postura que Zanin defendeu no passado.
Zanin sempre afirmou que a Lava Jato violava princípios fundamentais ao acelerar processos. Contudo, dados do Ministério Público Federal mostram que o caso Lula não foi tratado com rapidez excepcional. Na verdade, o tempo médio de tramitação dos processos de Lula até a condenação foi superior ao de outros casos da operação. Já no caso Bolsonaro, a celeridade é gritante. Enquanto Lula levou mais de um ano para ser julgado e condenado em primeira e segunda instâncias, Bolsonaro enfrentará seu julgamento no Supremo — onde os processos geralmente demoram anos — em cerca de seis meses. Um contraste que não passa despercebido.
Foro Indevido e Nulidades Flagrantes
Outro ponto que complica a posição de Zanin é a questão do foro privilegiado. Durante sua defesa de Lula, ele criticou duramente o fato de os processos do petista tramitarem na 13ª Vara Federal de Curitiba, sob a jurisdição de Sérgio Moro. Para Zanin, aquele era um foro indevido, criado artificialmente para perseguir Lula. Hoje, no entanto, ninguém denunciado na trama golpista possui foro privilegiado, mas todos estão sendo julgados pelo STF — um tribunal que, tecnicamente, não teria competência para analisar esses casos.
Essa nulidade é evidente. Além disso, a animosidade pública entre Alexandre de Moraes e Bolsonaro é inegável. Enquanto Zanin questionava a parcialidade de Moro em relação a Lula, hoje ele se vê obrigado a lidar com um cenário ainda mais hostil. Moraes, que é vítima do suposto plano de assassinato atribuído à trama golpista, dificilmente poderia ser considerado imparcial. E Zanin, ao integrar a turma que julgará Bolsonaro, carrega consigo as mesmas contradições que um dia apontou nos juízes da Lava Jato.
A Hipocrisia do Duplo Padrão
Aqui reside o maior dilema de Zanin: como conciliar suas antigas defesas com as decisões que precisará tomar agora? Tudo o que ele escrever sobre o caso Bolsonaro será inevitavelmente comparado às peças de defesa que redigiu para Lula. Milhares de documentos, recursos e argumentos podem ser confrontados, revelando um duplo padrão difícil de ignorar. Se antes ele clamava por rigor técnico e respeito ao devido processo legal, hoje parece assistir a um espetáculo de arbitrariedades sem precedentes.
Os abusos cometidos contra Bolsonaro são reais e flagrantes. Não há semelhança alguma com o que ocorreu na Lava Jato, pois lá, apesar de todas as críticas, havia pelo menos uma tentativa de seguir a lei. Já no caso atual, a violação sistemática de princípios constitucionais é escancarada. Como Zanin poderá justificar isso?
A Única Saída Possível
Diante de tantas contradições, existe apenas uma saída honrosa para Zanin: declarar-se impedido ou suspeito e pedir para se afastar do caso. Qualquer outra decisão só aumentará o constrangimento e a exposição pública. Ao permanecer no julgamento, ele arrisca manchar permanentemente sua reputação, tornando-se símbolo de hipocrisia e falta de compromisso com a Justiça.
Além disso, vale lembrar que os ventos políticos mudam. O tempo é implacável e, em poucos anos, a composição do STF pode ser diferente. Quando isso acontecer, os abusos cometidos hoje certamente serão questionados. Quem sabe até mesmo punidos. Portanto, para evitar maiores danos à sua trajetória, Zanin precisa reconhecer a gravidade da situação e agir com transparência.
Conclusão: Justiça ou Perseguição?
O caso Bolsonaro no STF é mais do que um simples julgamento; é um teste para a credibilidade do sistema de Justiça brasileiro. As contradições de Zanin expõem fragilidades profundas, mostrando que nem sempre os guardiões da Constituição estão livres de vieses e interesses pessoais. Resta saber se o ministro terá coragem de encarar seus próprios argumentos e fazer a escolha certa. Ou se, ao contrário, sucumbirá à pressão e perpetuará um ciclo de injustiças que só enfraquece a democracia.
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