Há momentos em que a política brasileira parece um teatro de sombras, onde as narrativas são moldadas por conveniências ideológicas, e os atores principais desempenham papéis que misturam lambeção, hipocrisia e desconexão com a realidade. É nesse cenário que surgem declarações como as de Walter Salles, cineasta premiado, e figuras como o ex-presidente Lula, cuja relação simbiótica parece ser alimentada por uma babação recíproca que beira o absurdo. Mas, por trás dessa encenação, há algo muito mais grave: a cegueira seletiva da esquerda diante dos abusos que ocorrem no Brasil atualmente.
O Caso Walter Salles: Entre o Cinema e a Política
Walter Salles, vencedor do Oscar pelo filme "A Vida Invisível" , foi aplaudido por muitos ao trazer à tona histórias marcantes da ditadura militar brasileira. Seu trabalho é indiscutivelmente relevante para registrar os horrores do passado e evitar que eles se repitam. Contudo, quando ele e outros artistas, como Fernanda Torres, decidem ignorar ou mesmo apoiar os abusos cometidos hoje pelo Judiciário e pelo governo, surge uma contradição ética profunda.
Em entrevistas recentes, Salles afirmou que não seria possível gravar filmes durante o governo Bolsonaro devido ao "medo". Essa afirmação, no entanto, contrasta com a realidade. Durante o governo Bolsonaro, não houve um Ministério da Verdade, nem censura institucionalizada como vemos hoje. Pelo contrário, a censura atual é explícita: redes sociais inteiras foram bloqueadas, e pessoas foram presas sem acusações formais. Onde estava o grito de indignação de Salles nesses casos?
Lula e a Narrativa da Redenção Democrática
Outro ponto central dessa discussão é a figura de Lula, que muitos na esquerda enxergam como o salvador da democracia brasileira. A imagem construída é quase messiânica: Lula subindo a rampa do Palácio do Planalto como um herói que restaurou a liberdade ao país. No entanto, essa narrativa ignora completamente o fato de que as supostas ameaças à democracia em 2023 não se concretizaram.
De acordo com a própria Procuradoria-Geral da República (PGR), os planos cogitados para 8 de janeiro de 2023 foram abandonados voluntariamente. Não houve avanço, não houve golpe, e não houve crimes praticados. A democracia brasileira não precisou ser "salva" por ninguém, pois as próprias pessoas envolvidas decidiram retroceder. Esse fato, no entanto, é convenientemente ignorado por aqueles que querem transformar Lula em um símbolo de resistência.
A Hipocrisia da Esquerda
O que mais chama atenção nessa situação é a hipocrisia de figuras como Walter Salles e Fernanda Torres. Eles, que se dizem sensíveis ao sofrimento humano e dedicam suas carreiras a denunciar as violações da ditadura militar, fecham os olhos para os abusos cometidos hoje. Censura nas redes sociais, prisões arbitrárias, torturas psicológicas, processos sem provas individualizadas — tudo isso é ignorado ou justificado em nome de uma suposta luta pela democracia.
É importante lembrar que essas pessoas não estão apenas sendo omissas; elas estão endossando os abusos. Ao apoiar figuras como Alexandre de Moraes e Lula, elas legitimam práticas que violam os princípios básicos do Estado de Direito. Juízes impedidos atuando em casos, inquéritos sem distribuição, processos sem fundamentação legal — tudo isso é aceito sob a justificativa de que "estamos salvando a democracia". Mas, como bem sabemos, todo mundo que diz salvar a democracia geralmente está pavimentando o caminho para o autoritarismo.
O Legado de Impunidade
O caso de Lula também serve como um exemplo claro de como a impunidade pode ser usada como arma política. Durante anos, ele foi alvo de investigações por corrupção, mas hoje é tratado como um mártir injustiçado. Isso cria um precedente perigoso: se figuras políticas podem ser absolvidas de crimes com base em narrativas emocionais, então o Estado de Direito deixa de existir.
Além disso, a estratégia de Lula de usar pacotes de bondades para tentar recuperar sua popularidade só agrava os problemas econômicos do país. Enquanto ele joga dinheiro na economia para ganhar votos, a inflação dispara, e os pobres — justamente aqueles que ele diz defender — são os mais prejudicados. É uma ironia cruel: o defensor dos menos favorecidos contribui diretamente para seu sofrimento.
Conclusão: A Necessidade de Despertar
A encenação da democracia no Brasil atual é um espetáculo preocupante. Enquanto figuras como Walter Salles e Lula constroem narrativas para justificar seus interesses, os verdadeiros problemas do país — como a inflação, a corrupção e os abusos judiciais — são ignorados. Para mudar esse cenário, é necessário que as pessoas despertem para a realidade e questionem as versões oficiais apresentadas.
Como sociedade, precisamos exigir coerência de nossos líderes e artistas. Não podemos tolerar que aqueles que denunciam os erros do passado sejam coniventes com os abusos do presente. Afinal, uma democracia só é forte quando todos, independentemente de suas ideologias, defendem os mesmos princípios de justiça, igualdade e respeito aos direitos humanos.
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