Em 1812, durante uma das batalhas mais decisivas de sua carreira, Napoleão Bonaparte teria dito algo que ecoa até hoje na história militar e política mundial: “Nunca interrompa seu inimigo quando ele estiver cometendo um erro.” Foi um conselho estratégico brilhante. E agora, quase dois séculos depois, o Brasil parece estar vivendo essa máxima em tempo real — com Luiz Inácio Lula da Silva no papel do general que, sem perceber, está cavando seu próprio túmulo político.
O governo Lula, que já enfrentava dificuldades crescentes desde o início do mandato, acelera seu desgaste ao tomar uma série de decisões que afastam os partidos do centro e aproximam o país de um cenário de implosão governamental. Sua última escolha ministerial, por exemplo, é emblemática: Guilherme Boulos, figura controversa da esquerda brasileira, pode assumir a Secretaria-Geral da Presidência. Uma decisão que, para muitos, não apenas fragiliza o governo, mas também representa um presente para a oposição.
A Reforma Ministerial Contada Gota a Gota
Lula tem optado por reformas ministeriais graduais, como se fosse possível resolver crises políticas com remanejamento burocrático. Mas esse modelo “conta-gotas” tem sido um fracasso. Cada mudança parece ser feita não para recuperar apoio, mas para recompensar militantes ideológicos e grupos radicais. E isso está gerando o efeito contrário ao esperado.
Nos últimos meses, o presidente tem substituído ministros por figuras cada vez mais alinhadas à extrema esquerda. A justificativa? Manter unida a base ideológica. Mas o preço disso é alto demais: o abandono do Centrão , o grupo parlamentar que historicamente sustenta governos no Brasil. Partidos como o Novo Brasil (ou NeoBrasil), que já recusaram cargos, estão sendo seguidos por outras legendas. O PP e a União Brasil, recentemente federados, estão cogitando entregar ministérios nos próximos meses. Algo impensável há poucos anos.
Essa migração não é só simbólica. É um sinal claro de que o governo perdeu a capacidade de manter aliados centristas. E quanto mais ele tenta atrair a esquerda radical, mais rápido o centro foge. O barco ainda navega, mas a água entra. E muito.
Guilherme Boulos: O Último Prego no Caixão do Governo
E é nesse contexto que surge Guilherme Boulos , nome que divide opiniões e gera reações imediatas. Conhecido por lideranças de movimentos sociais como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Boulos virou rosto político nacional após disputar a prefeitura de São Paulo em 2024, onde sofreu uma derrota significativa. Antes disso, era conhecido por invadir propriedades, organizar ocupações e defender pautas extremistas — tudo isso enquanto acumulava processos e críticas sobre seus métodos.
Sua possível entrada no Ministério da Secretaria-Geral da Presidência não é apenas uma escolha técnica ou estratégica. É uma mensagem clara: Lula não quer negociar mais com o centro. Quer consolidar sua base ideológica. Mas essa base, infelizmente, não tem votos nem força institucional suficiente para sustentar um governo federal.
Boulos é uma escolha que agrada setores radicais da esquerda, mas assusta o eleitor médio e revolta o empresariado. Ele foi um dos principais defensores da chamada "rachadinha", prática ilegalizada pelo STF, e ajudou a institucionalizar práticas de pressão ideológica dentro da Câmara dos Deputados. Em São Paulo, sua candidatura à prefeitura foi marcada por escândalos, polêmicas e uma campanha mal conduzida, que terminou com um desgaste difícil de apagar.
Agora, Lula pretende premiá-lo com um cargo estratégico no Planalto. Mas com uma condição: Boulos não poderá concorrer à reeleição como deputado federal. Isso significa que, ao aceitar o cargo, ele automaticamente sai da vida legislativa. E, se ficar até o fim do mandato, perderá qualquer possibilidade de disputar uma cadeira no Senado — algo que, segundo analistas, poderia acontecer facilmente, especialmente em São Paulo.
Por Que Essa Escolha é um Presente Para a Oposição
Ao convidar Boulos para o ministério, Lula faz algo raro na política brasileira: tira do jogo um dos nomes mais fortes da esquerda radical. Enquanto parlamentar, Boulos era uma voz constante, influente e articulada — mesmo que polêmica — contra projetos conservadores e de mercado. Como ministro, porém, ele perderá o mandato e sairá da linha de frente da política eleitoral.
Isso significa que, nas eleições de 2026, o campo da esquerda radical terá perdido um potencial candidato presidencial ou senador. Um movimento que, paradoxalmente, beneficia a direita e o centro-direita. Porque se Boulos representa a face jovem, urbana e “moderna” da esquerda, tirá-lo da linha eleitoral é como remover uma peça-chave de um tabuleiro.
Além disso, a pasta que Boulos deve assumir — a Secretaria-Geral — é historicamente ligada a relações com movimentos sociais, sindicatos e ONGs. Um espaço onde a CUT, o MST e outros grupos de esquerda costumam ter voz privilegiada. Não é uma posição operacional ou econômica. É uma posição de representação ideológica.
Ou seja, Boulos vai ocupar um ministério cujo impacto real é limitado, enquanto perde a chance de continuar como deputado federal. Para a oposição, é uma vitória silenciosa. E, ironicamente, uma contribuição involuntária de Lula para o futuro político da direita.
A Esquerda Radical Começa a Ser Enterrada por Lula
Se há algo que a oposição tem observado com atenção é o fato de que Lula está enterrando a própria esquerda. Ao aproximar-se tanto de figuras radicais, ao ignorar o centrão, ao priorizar militância ideológica em detrimento da governabilidade, ele está dando munição suficiente para que o Brasil inteiro veja o quanto a esquerda petista está desconectada da realidade.
Esse movimento não é novo. Durante a campanha eleitoral de 2022, Lula já havia se distanciado de discursos mais moderados, apostando num bloco ideológico amplo, mas pouco efetivo. Agora, ele dá continuidade a essa estratégia, mas com custos altíssimos. O resultado é uma erosão lenta, mas visível, de sua base de apoio. O PT, outrora hegemônico entre os partidos de esquerda, começa a ver suas fileiras se esvaziarem diante de um projeto que não dialoga mais com o eleitor comum.
O Desespero do Centrão e a Busca por Saída
Mas não é apenas o PT que sente o peso dessa mudança. O Centrão , que por décadas foi o fiel da balança no Congresso Nacional, começa a sentir o cheiro da derrota. E, ao contrário do que muitos imaginavam, ele não está disposto a ir junto no naufrágio.
Partidos como PP, União Brasil e até mesmo o PSD começam a mostrar sinais claros de que não pretendem acompanhar Lula até o fim. Muitos líderes dessas siglas já estão avaliando a possibilidade de devolver os ministérios que têm sob sua gestão. E isso, na prática, significa o colapso do governo.
Sem o apoio do Centrão, Lula perde a maioria no Congresso. Perde a capacidade de aprovar medidas importantes. Perde o suporte necessário para seguir adiante. E, sem surpresa, o desgaste será atribuído a ele e ao seu núcleo ideológico. A culpa será do presidente.
Lula e o Caminho do Autoritarismo Cresce
Enquanto isso, a popularidade de Lula segue em queda livre. Pesquisas do Instituto Paraná Pesquisas mostram Bolsonaro com 13 pontos à frente do atual presidente na corrida pela reeleição de 2026. Um número que, embora ainda tenha margem de variação, mostra um cenário nada favorável ao petista.
E o que ele faz diante disso? Em vez de buscar diálogo, procura blindagem ideológica. Chama quem sempre esteve à esquerda, mas que nunca teve voto expressivo ou legitimidade eleitoral ampla. E, com isso, alimenta a narrativa de que o governo está cada vez mais isolado, elitista e distante da maioria dos brasileiros.
É por isso que, para muitos, essa escolha de Boulos pode ser o último passo antes do colapso completo do governo. Não porque Boulos é uma ameaça real, mas porque ele simboliza uma guinada ideológica que ninguém esperava. Ninguém, exceto a oposição, que assiste perplexa ao espetáculo do autoritarismo petista.
O Legado de Lula: Entre o Passado e o Futuro
O PT sempre falou em legado. Lula, especialmente, construiu sua imagem sobre a ideia de que representava o Brasil profundo, o operário, o trabalhador humilde. Mas seu governo atual reflete exatamente o oposto: um projeto elitizado, centralizado em Brasília, voltado para interesses ideológicos e distante das demandas reais do cidadão comum.
Com a chegada de Boulos ao ministério, esse legado se torna ainda mais frágil. A esquerda, que já estava enfraquecida após as derrotas eleitorais de 2022, começa a perder vozes e identidades. E, sem figuras carismáticas, sem líderes com lastro popular, ela corre o risco de sumir da cena política por anos.
E isso não é um desejo da oposição. É uma consequência natural de um governo que insiste em se isolar. A esquerda, como diz o ditado, está se afogando com suas próprias mãos. E Lula, ironicamente, é o principal responsável.
O Erro que Pode Mudar a História do Brasil
Muitos dizem que a oposição precisa agir, reagir, impedir. Mas a verdade é outra: a melhor estratégia é não fazer nada. Deixe Lula seguir com suas escolhas radicais. Deixe-o se distanciar do centro. Deixe-o mergulhar fundo na esquerda, onde o apoio é pequeno e a resistência é grande.
Como Napoleão alertou tantos anos atrás, às vezes a melhor tática é não interferir. Deixe o inimigo errar. Deixe ele se perder. Deixe ele gastar energia com coisas que não importam, enquanto o povo espera soluções reais.
Lula está prestes a cometer um erro histórico. E, ao fazê-lo, está entregando de bandeja o futuro do Brasil para aqueles que defendem liberdade, democracia e responsabilidade fiscal. O governo pode durar até o final do mandato. Mas a esquerda talvez não sobreviva a isso.
E, quem sabe, daqui a alguns anos, olharemos para trás e reconheceremos que foi Lula, justamente o homem que jurava defender o povo, que enterrou de vez o sonho socialista no Brasil.
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