Brasil e China: Os Bastidores da Aproximação Política Que Ninguém te Contou

Se você acha que a aproximação entre o Brasil e o Partido Comunista Chinês é algo recente, pense de novo. O que se revela ao olhar com atenção a linha do tempo das relações entre a esquerda brasileira e o regime chinês é um enredo complexo, cheio de idas e vindas, articulações estratégicas e interesses silenciosos que foram moldando, aos poucos, o cenário político e econômico do nosso país.


Mas o que realmente está por trás dessa relação? Quem são os protagonistas e quais foram os momentos-chave que definiram o rumo dessa aproximação? E mais: por que, mesmo diante de críticas abertas à ditadura chinesa, certos setores da política brasileira insistem em estreitar laços com Pequim?


Vamos voltar no tempo — e prepare-se, porque os detalhes dessa história vão te surpreender.


O Começo Discreto: A Ponte Invisível

Tudo começou em 1988. Naquela época, pouco se falava em China na política brasileira. Mas um nome aparece na pesquisa realizada em 11 de novembro de 2021: Ciscanuto, representante do PFL e sobrinho de um futuro ministro do governo Bolsonaro. Foi ele quem deu os primeiros passos oficiais rumo a Pequim, participando de uma viagem à China que marcaria simbolicamente o início da aproximação entre os dois países.


Você já parou para pensar por que um político brasileiro do norte do país estaria tão interessado em criar laços com a China comunista no final dos anos 80?


A resposta pode estar na velha máxima da política: onde há poder, há oportunidade. Mesmo que a movimentação tenha parecido inofensiva à época, ela indicava que as portas estavam se entreabrindo.


O PT e a Reaproximação: Da Crítica à Cooperação

Nos anos 90, o Partido dos Trabalhadores (PT) se posicionava de forma crítica à repressão chinesa — especialmente após o massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989. Lula chegou a comparar a violência do governo chinês à invasão militar da Companhia Siderúrgica Nacional no Brasil.


Mas o tempo, como sabemos, muda tudo.


Em 2001, Lula, José Dirceu e outros líderes do PT embarcaram em uma viagem oficial à China. O que parecia um gesto diplomático acabou sendo o estopim de uma reaproximação estratégica. O tom mudou. A crítica deu lugar ao respeito. O discurso passou a destacar a independência chinesa frente aos Estados Unidos e a exaltar a resposta chinesa à globalização como exemplo.


Por quê?


Porque naquele mesmo ano, a China entrava para a Organização Mundial do Comércio (OMC), se consolidando como uma superpotência em ascensão — e isso atraiu a atenção de países emergentes como o Brasil. A política externa brasileira começava a ser redesenhada, agora com olhos voltados para o Oriente.


A Simbologia da Nova Ordem Mundial

Em 2010, Lula faz um discurso emblemático. Diante do então presidente da China, Hu Jintao, ele declara:

"Temos a obrigação de lutar por uma nova ordem internacional", e mais: "Estamos unindo esforços em defesa de uma governança global".


Governança global? Nova ordem internacional?


Essa declaração, feita em tom solene, escancarava algo que muitos brasileiros ainda não compreendiam: o Brasil estava se posicionando não só como parceiro comercial da China, mas como aliado político e ideológico em um projeto de rearranjo da geopolítica global.


E aqui vale uma pausa para refletir:

O que significa uma "nova ordem internacional" liderada pela China?

E por que Lula, líder de um país democrático, fazia eco a esse tipo de proposta diante de um regime autoritário?


Privatizações, Cooperações e o Silêncio Conveniente

Na mesma década, os laços se estreitaram ainda mais. Em 2010, a State Grid Corporation assumiu o controle de empresas brasileiras de energia. Em 2005, o então governador do Mato Grosso assinava protocolos de cooperação com a província de Henan. E em 2008, até Gilberto Gil reconhecia a “presença sutil” da cultura chinesa no Brasil.


Esse avanço econômico não parou. Planos de investimento anunciados pela China ultrapassaram os 11 bilhões de dólares. A influência crescia. E o Brasil? Aplaudia, assinava, recebia.


Mas poucos ousavam fazer perguntas incômodas.


Como um país que se diz defensor da democracia aceita, sem ressalvas, essa submissão econômica a um regime totalitário?

Por que tantos acordos firmados com a China escaparam do crivo crítico que geralmente recai sobre os EUA ou países europeus?


2017 e a Articulação Eleitoral com Ciro Gomes

Avançamos para 2017. O PDT e o Partido Comunista Chinês se reúnem no Rio de Janeiro. O tema? A crise política e econômica do Brasil — e a importância da candidatura de Ciro Gomes.


É isso mesmo. Um partido brasileiro se reúne com o regime chinês para discutir a política interna do Brasil.


Será que isso soa normal para você?


A pergunta que fica é: qual o interesse do Partido Comunista da China nas eleições brasileiras?

Não seria essa uma interferência velada — e aceita com naturalidade — de uma potência estrangeira em assuntos soberanos?


Bolsonaro, China e o Efeito Olavo

Com a eleição de Jair Bolsonaro em 2018, o tom muda radicalmente. A China emite um duro alerta ao novo presidente: se o Brasil seguir o alinhamento com os Estados Unidos e romper acordos com Pequim, "quem sofrerá será a economia brasileira".


É ameaça? Pressão? Previsão?


O fato é que Bolsonaro reagiu. Rejeitou os caminhos de seus antecessores e tentou — dentro de suas possibilidades — fechar as portas para a China. Recebeu Tucker Carlson no Brasil para criticar abertamente o Partido Comunista Chinês. E aí entrou em cena um personagem icônico: Olavo de Carvalho.


Foi como se o filósofo tivesse descido dos céus com o “martelo da verdade”, detonando a tentativa de aproximação entre o PSL e Pequim, depois que parlamentares da base governista foram até a China e voltaram constrangidos. A viagem foi oficialmente rotulada como uma “missão de inteligência”, mas a percepção pública era outra: submissão disfarçada.


Militares, Temer e a Jogada Silenciosa

Por trás dessa movimentação, estavam figuras como Michel Temer e setores das Forças Armadas. Quando Bolsonaro se recusou a ceder, os militares — e especialmente o grupo que orbitava em torno de Temer — tentaram manter a ponte com os chineses viva.


Mas aí veio a ruptura. E, como disse o narrador: Ferraram com o Bolsonaro.


As portas se fecharam. A China, contrariada, começou a se afastar. E o Brasil entrou em uma nova fase de isolamento — vista por muitos como uma postura de soberania, por outros, como imprudência diplomática.


O Que Está Realmente em Jogo?

O que essa timeline nos mostra não é apenas uma sequência de eventos, mas um padrão de comportamento político e ideológico. Uma série de decisões e omissões que revelam o quanto a relação Brasil-China é mais profunda — e mais perigosa — do que se imagina.


Porque não se trata apenas de acordos comerciais, mas de alianças estratégicas com implicações para a soberania nacional, para a liberdade econômica e até para o modelo de sociedade que desejamos construir.


Agora, a pergunta que fica para você é:


Você sabia de tudo isso?

Por que será que essas informações não circulam na mídia tradicional com a mesma intensidade com que circulam pautas ideológicas supérfluas?

E qual o verdadeiro preço que estamos pagando por essa relação com o regime mais autoritário e vigilante do planeta?


Se essas perguntas te incomodam — ótimo.

Porque só quando nos incomodamos, começamos a despertar.

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