Bate-Boca na Câmara Expõe Crise Entre Executivo e Legislativo


Um dos momentos mais tensos no Congresso nos últimos tempos aconteceu durante uma audiência pública em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discutiu medidas do governo com deputados federais. A conversa virou briga, as críticas foram duras e o tom subiu tanto do lado do ministro quanto dos parlamentares da oposição.


O debate sobre o novo pacote fiscal foi marcado por trocas de farpas, ironias e acusações mútuas. O ministro tentou defender as mudanças tributárias, enquanto os deputados questionaram a forma como o governo lida com as contas públicas. E, ao final, sobrou até apelido para Haddad: "Taxad".


Bate-boca na Câmara expõe crise entre Executivo e Legislativo

Durante uma audiência pública nas Comissões de Finanças e Tributação e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entrou em atrito com parlamentares da oposição.


Haddad reclamou que os deputados Nikolas Ferreira e Carlos Jordy saíram da sessão logo após fazerem suas perguntas. Ele chamou a atitude de “molecagem” e disse que é difícil debater com esses parlamentares porque eles “sempre fogem do debate”.


Ao voltar à reunião, Jordy respondeu na hora:

“Moleque é você, ministro.”


A confusão gerada pelas falas fez com que o deputado Marcel Van Hattem intermediasse a situação. Depois disso, as declarações polêmicas foram retiradas das notas oficiais do evento.


O ministro também voltou a criticar Jair Bolsonaro, dizendo que ele fugiu de debates no segundo turno de 2018. Van Hattem rebateu, lembrando que o ex-presidente estava internado por causa da facada que levou durante a campanha:

“Ele não fugiu de nada. Estava hospitalizado. Só faltava o senhor ir debater com ele na cama do hospital”, disse.


Críticas ao aumento de impostos

Nikolas Ferreira questionou se era preciso usar termos técnicos para mostrar como anda a economia do país:

“A cada 37 dias sai um novo imposto. Parece que o Brasil vira um condomínio onde cobram taxa do zelador, mas não do morador da cobertura”, ironizou.


Carlos Jordy afirmou que o governo Lula vive um verdadeiro desastre econômico: juros altos, inflação batendo à porta e contas públicas fora do controle.

“E ainda quer culpar todo mundo. A culpa é de vocês, que só aumentam impostos e não cortam gasto nenhum”, rebateu.


Jordy também criticou o recuo do governo sobre o IOF, chamando o ministro de “atrapalhado”:

“Nunca vi um governo tão perdido e sem rumo”, disse.


Audiência termina em confusão

A sessão foi presidida pelo deputado Rogério Correia, que encerrou a audiência depois de reclamar que alguns parlamentares estavam bagunçando. Segundo ele, não havia mais condições de seguir a reunião.


Mas os deputados da oposição argumentaram que a confusão começou com o tom adotado por Haddad, que chegou à Câmara com postura dura e distante da realidade do povo brasileiro.


No início da reunião, o ministro defendeu a reforma do Imposto de Renda afirmando que ela só afetaria os ricos:

“É como um condomínio: hoje, o zelador paga a taxa e o cara da cobertura nem aparece. Precisamos cobrar mais de quem ganha mais”, justificou.


Segundo Haddad, pessoas que ganham mais de R$ 1 milhão por ano pagam, na prática, apenas 2,5% de IR , o que ele considera injusto. Ele também citou o corte de benefícios fiscais concedidos ao agronegócio, que somam R$ 158 bilhões por ano , como parte do ajuste necessário.


Apesar de defender diálogo com o Parlamento, o ministro insistiu em perguntar:

“Vamos mexer nos supersalários? Vamos rever a aposentadoria dos militares? Vamos cuidar dos benefícios sociais?” como se fosse o Congresso o responsável por qualquer decisão que envolva corte de gastos.


O embate entre Haddad e os deputados mostrou que o ministro não tem conseguido dialogar de forma eficaz com o Parlamento. Sua postura, vista como arrogante por muitos, e a insistência em cobrar mais do contribuinte, em vez de controlar os gastos do governo, estão criando um clima de desgaste político.


Chamar os parlamentares de “moleques” e repetir que só aumentará impostos sobre os mais ricos não convence mais ninguém. O brasileiro comum sente no bolso os efeitos do aumento constante de taxas e da falta de planejamento claro do governo.


O apelido de “Taxad” pegou, e não por acaso. Se o ministro continua achando que pode passar medidas assim pela Câmara sem ouvir críticas, está muito enganado. O Congresso já mostrou que não vai aceitar tudo o que vier do Planalto, especialmente quando o foco é só aumentar receita e não tocar nos privilégios e nas despesas públicas.


Se Haddad não mudar de postura e não provar que está realmente comprometido com o equilíbrio fiscal e com o diálogo sincero, vai continuar sendo visto como alguém desconectado da realidade do país e isso, infelizmente, só piora a imagem do governo perante a população e o próprio Congresso.

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