Crise Fiscal e Impopularidade Pressionam Apoio do Centrão ao Governo


O governo Lula enfrenta cada vez mais dificuldades para segurar sua base no Congresso. O aumento de impostos, a crise no INSS e a queda na popularidade do presidente estão afastando os partidos do Centrão, que já sinalizam desembarque até o final de 2025 ou início de 2026.


Enquanto isso, Lula tenta segurar a governabilidade com migalhas de emendas e promessas vazias mas não tem sido suficiente. A agenda fiscal do ministro Haddad é rejeitada tanto pelo mercado quanto pelos parlamentares, e a sensação geral é de que o barco petista está realmente afundando . E quem está mais atento vê que não são só os adversários que se afastam — são aliados históricos também.


A pressão sobre o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumenta a cada dia. Partidos do Centrão começam a cogitar seriamente o desembarque do bloco aliado, diante da insistência do Ministério da Fazenda em cobrar mais impostos e da forte queda na aprovação popular do presidente.


Parlamentares relatam que o ambiente político é de instabilidade e que o tempo para manter o apoio está se esgotando . Muitos líderes avaliam que, sem mudanças claras no rumo das contas públicas e na relação com o Parlamento, será impossível garantir governabilidade em ano eleitoral.


O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou para esta segunda-feira (16) a votação da urgência de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que pode derrubar o novo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A medida faz parte de um movimento amplo entre os parlamentares de frear a onda de taxação criada por Haddad, que prejudica empresas, investidores e famílias comuns.


Além disso, o Congresso vai analisar outro projeto que suspende uma portaria federal que obrigaria estabelecimentos comerciais a pedirem autorização sindical para abrir nos feriados. A proposta, vista como intervenção estatal excessiva, irritou setores empresariais e tende a ser rejeitada pela maioria dos deputados.


Desgaste do Planalto acelera saída de aliados

Fontes dentro do Congresso apontam que a saída de partidos do Centrão do governo Lula é questão de tempo . Alguns acreditam que pode ocorrer ainda em 2025; outros projetam que o rompimento seja mais claro em 2026, ano eleitoral.


Um parlamentar, sob condição de anonimato, explicou que manter apoio ao Palácio do Planalto tem ficado cada vez mais custoso politicamente:

“Ninguém quer estar perto do naufrágio. Cada decreto fiscal, cada escândalo, cada aumento de conta chega pro cidadão comum como mais um golpe do governo contra a população.”


A pesquisa Datafolha divulgada recentemente reforça essa percepção: a aprovação de Lula caiu a níveis próximos aos de Bolsonaro, algo impensável há alguns meses. Em simulações de segundo turno, o ex-presidente aparece quase empatado com Lula — o que mostra que o jogo político está mais aberto do que muitos imaginavam.


Lula recua, mas não convence

Diante da pressão, o governo tentou corrigir parte do caminho. Na semana passada, apresentou uma nova versão da Medida Provisória que reduz a arrecadação prevista com o IOF, de R$ 19 bilhões para cerca de R$ 7 bilhões . Mas o recuo foi considerado insuficiente, especialmente porque não veio acompanhado de nenhum corte real de gastos.


Hugo Motta afirmou que já há 320 votos garantidos para levar o PDL adiante, e que o Executivo tem pouco espaço para evitar a votação. O objetivo do Congresso é claro: parar o avanço dos novos impostos e frear a escalada tributária que assusta o contribuinte e trava a economia.


Apesar da ameaça de rompimento, o Palácio do Planalto voltou a liberar parte das emendas parlamentares bloqueadas, numa tentativa de conter a fuga de aliados. A estratégia é antiga: compensar a falta de projeto com dinheiro público, mantendo os partidos dependentes de recursos e negociação.


Estratégia do Centrão: distanciar-se, mas não perder benefícios

O cientista político Paulo Kramer explica que o Centrão está dividido:

“Enquanto uma ala fica no governo para garantir emendas e verbas partidárias, outra prefere se afastar e posicionar-se como alternativa política.”


Essa divisão interna ajuda a entender por que alguns partidos mantêm ministérios e cargos estratégicos, enquanto outros já anunciam que vão ajudar a construir uma candidatura de oposição. ACM Neto, vice-presidente nacional do União Brasil, declarou que não pretende repetir a neutralidade de 2022 e que vai buscar uma alternativa clara para o próximo pleito.


Mesmo assim, há resistências dentro do partido. Ministros como Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) mantêm relações com o Senado e com o Amapá, onde interesses regionais pesam mais do que a ideologia partidária.


O cenário atual revela um governo perdido, sem rumo e sem apoio, que tenta segurar o que resta de sua base com migalhas e promessas eleitoreiras. A insistência em aumentar impostos, somada ao escândalo do INSS e à queda de popularidade de Lula, está fazendo com que até aliados históricos repensem seu papel no governo.


O Centrão, antes parceiro fiel, agora mira o futuro político e enxerga mais vantagem em se distanciar do PT do que em continuar sustentando-o. E isso não é apenas tática eleitoral — é sobrevivência política num país que começa a rejeitar o modelo petista.


Para a direita brasileira, o momento é de unir forças e oferecer ao país uma saída viável, longe do marxismo suave e das promessas vazias do atual governo. Enquanto isso, Lula tenta remar contra a maré, mas o barco segue inchado de privilégios, cheio de buracos e sem rota definida.


E se o Centrão vai continuar negociando emendas, isso não muda o quadro maior: quem está no poder hoje sabe que não vai permanecer por muito tempo . E a corrida para escapar do naufrágio já começou.

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