A Polícia Federal convocou novamente o tenente-coronel Mauro Cid para depor após a prisão do ex-ministro Gilson Machado Neto, acusado de tentar ajudá-lo a conseguir um passaporte português. A movimentação ocorre em meio ao inquérito que apura supostos planos de golpe após as eleições de 2022 e reforça a percepção de que certas investigações têm sido usadas como ferramentas políticas contra aliados de Bolsonaro.
O tenente-coronel Mauro Cid foi chamado pela Polícia Federal para prestar novo depoimento na sexta-feira, poucas horas depois de o ex-ministro Gilson Machado Neto ser preso preventivamente em Recife. A suspeita é de que Machado teria tentado conseguir um passaporte português para Cid, facilitando sua saída do país antes do fim do processo judicial.
Cid também chegou a ser alvo de mandado de prisão durante a operação, mas a ordem foi revogada ainda no mesmo dia, já que ele responde ao processo com base em acordo de colaboração premiada. Seu advogado, Cézar Bittencourt, afirmou à GloboNews que a decisão partiu do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que entendeu que não há risco de fuga ou obstrução à Justiça por parte do militar.
“O coronel está colaborando desde o início e não tem motivo para ser preso”, disse o defensor.
Bittencourt explicou que Cid já tem cidadania portuguesa garantida por herança familiar, mas ainda não possui o documento oficial. Segundo ele, isso já foi esclarecido às autoridades e não haveria qualquer intenção de fugir do país.
Em nota, a Polícia Federal confirmou que cumpriu dois mandados de busca e um de prisão nas cidades de Brasília e Recife, sem revelar detalhes sobre os motivos específicos ou o andamento das buscas.
A Procuradoria-Geral da República informou anteriormente que havia indícios de que Machado teria entrado em contato com o Consulado de Portugal em maio para viabilizar a saída de Cid do Brasil. O objetivo seria, segundo a PGR, facilitar a evasão do delator antes do encerramento do inquérito.
Apesar disso, o ex-ministro negou envolvimento com a emissão do passaporte:
“Reafirmo que liguei para o consulado apenas para marcar uma agenda de renovação do passaporte do meu pai. Não tive qualquer participação na obtenção de documentos para o coronel Cid”, afirmou em nota.
Mais uma vez, o cenário parece montado para pressionar testemunhas e forçar novas versões que incriminem Jair Bolsonaro, mesmo quando elas não trazem provas concretas nem fatos novos. A prisão de Gilson Machado surge num momento estratégico, logo após o depoimento de Cid, e pode ser interpretada como uma manobra para influenciar seu relato ou extrair declarações que sustentem a narrativa política contra o ex-presidente.
A ausência de provas reais e a repetição de versões conflitantes entre réus só alimentam a percepção de que alguns processos estão sendo usados para criminalizar posições ideológicas e pressionar quem se aproxima de Bolsonaro.
Mauro Cid continua insistindo em mudanças nos relatos e mantém suas declarações sob suspeita, enquanto o Judiciário age de forma rápida e dura contra aliados do ex-presidente. Enquanto isso, figuras do lado oposto são investigadas com menos rigor ou sequer chegam a ser punidas.
Para seus defensores, essa é mais uma etapa de um julgamento tendencioso, onde cada palavra vira evidência e cada silêncio vira confissão. E diante disso, cresce a sensação de que o jogo não é limpo, e a justiça anda longe de ser igual para todos especialmente quando se trata de um político de direita e de seus apoiadores mais próximos.
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